terça-feira, 13 de outubro de 2009

O que é Cloud Computing (Computação nas Nuvens)?

Introdução

A denominação Cloud Computing chegou aos ouvidos de muita gente em 2008, mas tudo indica que ouviremos esse termo ainda por um bom tempo. Também conhecido no Brasil como Computação nas Nuvens ou Computação em Nuvem, Cloud Computing se refere, essencialmente, à idéia de utilizarmos, em qualquer lugar e independente de plataforma, as mais variadas aplicações através da internet com a mesma facilidade de tê-las instaladas em nossos próprios computadores. Neste artigo de introdução ao Cloud Computing, você entenderá melhor esse conceito.

Entendendo o Cloud Computing

Estamos habituados a utilizar aplicações instaladas em nossos próprios computadores, assim como a armazenar arquivos e dados dos mais variados tipos neles. No ambiente corporativo esse cenário é um pouco diferente, já que nele é mais fácil encontrar aplicações disponíveis em servidores e que podem ser acessadas por qualquer terminal com permissão através de uma rede.
A principal vantagem desse modelo está no fato de que é possível, pelo menos na maioria das vezes, utilizar as aplicações mesmo sem acesso à internet ou à rede. Em outras palavras, é possível utilizar esses recursos de maneira off-line. Entretanto, todo os dados gerados estarão restritos a esse computador, exceto quando compartilhados em rede, coisa que não é muito comum no ambiente doméstico. Mesmo no ambiente corporativo, isso pode gerar algumas limitações, como a necessidade de se ter uma licença de um determinado software para cada computador, por exemplo.
A evolução constante da tecnologia computacional e das telecomunicações está fazendo com que o acesso à internet se torne cada vez mais amplo e cada vez mais rápido. Em países desenvolvidos, como Japão, Alemanha e Estados Unidos, é possível ter acesso rápido à internet pagando muito pouco. Esse cenário cria a situação perfeita para a popularização do Cloud Computing, embora esse conceito esteja se tornando conhecido no mundo todo, inclusive no Brasil.
Com o Cloud Computing, muitos aplicativos dos usuários, assim como seus arquivos e dados relacionados, não precisam mais estar instalados ou armazenados em seu computador. Elas ficam disponíveis na "nuvem", isto é, na internet. Ao fornecedor da aplicação cabe todas as tarefas de desenvolvimento, armazenamento, manutenção, atualização, backup, escalonamento, etc. O usuário não precisa se preocupar com nada disso, apenas com acessar e usar.
Um exemplo prático dessa nova realidade é o Google Docs, serviço onde os usuários podem editar textos, fazer planilhas e elaborar apresentações de slides pela internet, sem necessidade de ter programas como o Microsoft Office ou OpenOffice.org instalados em suas máquinas. Tudo o que os usuários precisam fazer é abrir o navegador de internet e acessar o endereço do Google Docs para começar a trabalhar, não importa qual seja o seu sistema operacional ou o computador utilizado. Neste caso, o que ele precisa é apenas de um navegador de internet compatível, o que é o caso da maioria dos browsers da atualidade.

Algumas características do Cloud Computing

Cloud Computing - Computação nas NuvensConforme já dito, uma das vantagens do Cloud Computing é a possibilidade de utilizar aplicações diretamente da internet, sem que estas estejam instaladas no computador do usuário. Mas, há outras significantes vantagens:
- na maioria dos casos, o usuário pode acessar determinadas aplicações independente do seu sistema operacional ou de hardware;
- o usuário não precisa se preocupar com a estrutura para executar a aplicação: hardware, procedimentos de backup, controle de segurança, manutenção, entre outros, ficam a cargo do fornecedor do serviço;
- compartilhamento de dados e trabalho colaborativo se tornam mais fáceis, uma vez que todos os usuários acessam as aplicações e os dados do mesmo lugar (a nuvem). Além disso, muitas aplicações nas nuvens já são feitas considerando essas possibilidades;
- dependendo do fornecedor, o usuário pode contar com alta disponibilidade, já que, se por exemplo, um servidor parar de funcionar, os demais que fazem parte da estrutura continuam a oferecer o serviço;
- o usuário conta com melhor controle de gastos. Muitas aplicações em Cloud Computing são gratuitas e, quando é necessário pagar, o usuário só o fará em relação aos recursos que usar ou ao tempo de utilização. Não será necessário pagar por uma licença integral de uso, tal como acontece no modelo tradicional de fornecimento de software.
Note que, independente da aplicação, com o Cloud Computing o usuário não precisa conhecer toda a estrutura que há por trás, ou seja, ele não precisa saber quantos servidores executam determinada aplicação, quais as configurações de hardware utilizadas, como o escalonamento é feito, onde está a localização física do datacenter, enfim. O que importa ao usuário é saber que a aplicação está disponível na nuvem, isto é, na internet, não importa de que forma.

Software as a Servive (SaaS)

Intimamente ligado ao Cloud Computing está o conceito de Software as a Service (SaaS) ou, em bom português, Software como Serviço. Em sua essência, trata-se de uma forma de trabalho onde o software é oferecido como serviço, assim, o usuário não precisa adquirir licenças de uso para instalação ou mesmo comprar computadores ou servidores para executá-lo. Nessa modalidade, no máximo paga-se um valor periódico - como se fosse uma assinatura - somente pelos recursos que utilizar e/ou pelo tempo de uso.
Para entender melhor os benefícios do SaaS, suponha que uma empresa que tem vinte funcionários necessita de um software para gerar folhas de pagamento. Há várias soluções prontas para isso no mercado, no entanto, a empresa terá que comprar licenças de uso do software escolhido e, dependendo do caso, até mesmo hardware para executá-lo. Em muitos casos, o preço da licença ou mesmo dos equipamentos pode gerar um custo alto e não compatível com a condição de porte pequeno da empresa.
Se, por outro lado, a empresa encontrar uma fornecedora de software para folhas de pagamento que trabalha com o modelo SaaS, a situação pode ficar mais fácil: essa fornecedora pode, por exemplo, oferecer esse serviço através de Cloud Computing e cobrar apenas pelo número de usuários e/ou pelo tempo de uso.
Dessa forma, a empresa interessada paga um valor baixo pelo uso da aplicação. Além disso, hardware, instalação, atualização, manutenção, entre outros, ficam por conta do fornecedor. Também é importante levar em conta que o intervalo entre a contratação do serviço e o início de sua utilização é extremamente baixo, o que não aconteceria se o software tivesse que ser instalado nos computadores da empresa-cliente. Esta última só precisa se preocupar com o acesso ao serviço (no caso, uma conexão à internet) ou, se necessário, com a simples instalação de algum plugin no navegador de internet de suas máquinas.

Exemplos de aplicações em Cloud Computing

Os termos Cloud Computing e Computação nas Nuvens são recentes, mas se analisarmos bem, veremos que a idéia não é, necessariamente, nova. Serviços de webmail como Gmail e Yahoo! Mail, discos virtuais na internet, sites de armazenamento e compartilhamento de fotos ou vídeos como Flickr e YouTube, são exemplos de aplicações que, de certa forma, contém o conceito de Cloud Computing. Note que todos esses serviços não executam no computador do usuário e este pode acessá-los de qualquer lugar, sem necessidade de instalar aplicativos em sua máquina ou de pagar licença de software. No máximo, paga-se um valor periódico pelo uso do serviço.
De qualquer forma, abaixo segue uma lista de serviços que incorporam bem o conceito de Cloud Computing:
- Google Apps: esse é um pacote de serviços que o Google oferece que contém aplicativos de edição de texto, planilhas e apresentações (Google Docs), serviço de agenda (Google Agenda), comunicador instantâneo integrado (Google Talk), e-mail com o domínio da empresa (por exemplo, contato@infowester.com), entre outros. Todos esses serviços são processados pelo Google e o cliente só precisa criar as contas do usuário. O Google Apps oferece pacotes gratuitos e pagos, de acordo com o número de usuários. Um dos maiores clientes do Google Apps é a Procter & Gamble, que contratou os serviços para mais de 130 mil colaboradores;
- Amazon: a Amazon é um dos maiores serviços de comércio eletrônico do mundo. Para suportar o volume de vendas no período de Natal, a empresa montou uma superestrutura de processamento e armazenamento de dados, que acaba ficando ociosa na maior parte do ano. Foi aí que a empresa teve a idéia de "alugar" esses recursos, com serviços como o Simple Storage Solution (S3), para armazenamento de dados, e Elastic Compute Cloud (EC2), para uso de máquinas virtuais. É possível saber mais sobre os serviços oferecidos pela Amazon nesta página;
- Live Mesh: esse é um serviço da Microsoft ainda em estágio inicial. Sua proposta principal é a de permitir que o usuário acesse o seu desktop de qualquer computador, com a diferença de que todos os seus arquivos ficam na nuvem, isto é, no servidores da Microsoft. Para saber mais sobre esse serviço, veja esta matéria publicada no Blog InfoWester;
- Datasul By You: a brasileira Datasul (agora integrada à TOTVS), dispõe de um conjunto de soluções de ERP chamado By You que utiliza os conceitos de Cloud Computing e SaaS. O InfoWester chegou a testar uma das versões do By You. Você pode conferir nossas impressões e um pouco do funcionamento desse sistema neste link do Blog InfoWester;
Datasul By You ECM - exemplo de aplicação em Cloud Computing
- Aprex: também brasileiro, o Aprex oferece um conjunto de ferramentas para uso profissional, como calendário, gerenciador de contatos, lista de tarefas, disco virtual, blog, serviço de e-mail marketing, apresentações, entre outros. Tudo é feito pela Web e, no caso de empresas, é possível até mesmo inserir logotipo e alterar o padrão de cores das páginas. Há opções de contas gratuitas e pagas.

Finalizando

Na verdade, qualquer tentativa de definir o que é Cloud Computing pode não ser 100% precisa. É que as idéias por trás da noção de Computação nas Nuvens é muito nova e as opiniões de especialistas em computação ainda divergem. Mas, a noção básica é a que foi explicada neste artigo.
É claro que ainda há muita coisa por fazer. Por exemplo, a idéia de determinadas informações ficarem armazenadas em computadores de terceiros (no caso, os fornecedores de serviço), mesmo com documentos que garantem a privacidade e o sigilo preocupam pessoas e, principalmente, empresas, por isso esse ponto precisa ser melhor estudado. Além disso, há outras questões, como o problema da dependência de acesso à internet - o que fazer quando o link cair? Algumas companhias, como o Google, já trabalham em formas de sincronizar aplicações off-line com on-line (como o Google Gears), mas no mercado em geral essa idéia ainda precisa ser melhor trabalhada.
De qualquer forma, o futuro aponta para esse caminho. Além das já mencionadas empresas, companhias como IBM, HP, Dell, Intel e Microsoft já estão trabalhando nas mais variadas soluções para Cloud Computing. Esta última, por exemplo, já até anunciou o Azure, uma plataforma própria para a execução de "aplicações nas nuvens".
Saiba mais sobre o assunto nas páginas que serviram de referência para esse texto:
- en.wikipedia.org/wiki/Cloud_computing;
- wiki.cloudcommunity.org/wiki/Main_Page;
- videos.techielife.com/what-is-cloud-computing/video-online/2008/11/13 (vídeo);
- knowledge.wpcarey.asu.edu/article.cfm?articleid=1614.
Por Emerson Alecrim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário